A Ruy Braga é uma travessia histórica que liga a parte baixa a parte alta do Parque Nacional do Itatiaia (PNI). Atualmente é a única travessia que pode ser feita nos dois sentidos e seus extremos são a cachoeira do Maromba na parte baixa e o posto Marcão (portaria) na parte alta.

Características

Dificuldade: Semi-Pesada / Nível 6 – Entenda
Distância: 21,5 km
Circular: Não

Apesar de ter quase 22 km, a rota tradicional é bem tranquila de se fazer, sem nenhuma dificuldade técnica, podendo ser realizada em apenas um dia. Caso opte por realizar em dois dias, o pernoite acontece em um dos três abrigos desativados que se encontram no caminho (Massena, Macieiras e Água Branca).

Agora se você quer um pouco mais de dificuldade, pode realizar a travessia Couto x Prateleiras e emendar com a Ruy Braga, o que aumenta o nível de dificuldade, principalmente se optar por realiza-la com mochila cargueira.

Ruy Braga

Uma travessia mais antiga que o próprio PNI

O caminho da travessia Ruy Braga foi criado antes do Parque Nacional do Itatiaia, ele era o caminho mais rápido para o acesso ao planalto do Itatiaia e foi de suma importância para a conquista dos principais cumes que hoje atraem tantos turistas ao PNI.

O primeiro abrigo utilizado durante essa travessia foi um Posto Meteorológico construído pelo Ministério da Agricultura na década de 1910, uma pernada longa de cerca de 10 horas desde a parte baixa. Na década de 1920 outro abrigo foi crucial para manter a importância desta trilha, o Abrigo Macieiras.

Em 1937 foi criado o Parque Nacional do Itatiaia e da década de 1940 em diante o fluxo de visitação foi ficando cada vez maior, chegando a 30.000 pessoas no ano de 1952.

Com o aumento na visitação, a administração do parque na época construiu dois novos abrigos, chamados de Abrigo Rústico e Abrigo dos Excursionistas. Mais tarde foram rebatizados, prestando homenagem a dois ilustres personagens da história do Itatiaia e sendo chamados de Abrigo Rebouças e Abrigo Massena.

Como era a forma mais rápida de se chegar ao planalto, ela foi mantida conservada até a década de 1970, porém, após a abertura da BR-485 que liga a Garganta do Registro ao Planalto, o caminho acabou perdendo sua importância e pouco a pouco foi sendo abandonado.

Depois de décadas desativada, a Travessia Ruy Braga foi reaberta oficialmente no dia 24 de setembro de 2010.

Como Chegar?

O Parque Nacional do Itatiaia está localizado na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, próximo ao estado de São Paulo, na Serra da Mantiqueira.

Na região Sul Fluminense, também conhecida como Região das Agulhas Negras, o Parque Nacional do Itatiaia (PNI) abrange municípios de Itatiaia e Resende. Já no sul de Minas Gerais, abrange parte dos municípios de Itamonte e Bocaina de Minas.

Sede do Parque (parte baixa)

Saindo do Rio de Janeiro ou São Paulo, você deve seguir pela Rodovia Presidente Dutra (BR 116) até a cidade de Itatiaia, na altura do km 318 e seguir pela estrada que da acesso a sede do Parque.

Planalto (parte alta)

Saindo do Rio de Janeiro ou São Paulo, você deve seguir pela Rodovia Presidente Dutra (BR 116) até o povoado de Engenheiro Passos, 12 Km depois de Itatiaia e depois seguir pela BR 354, na estrada Rio-Caxambú (Circuito da Águas) por 26 Km, até o local conhecido como Garganta do Registro. A partir daí começa a subida de 14 km até o Posto Marcão (antigo Posto 3).

Logística

Toda travessia é chata na questão da logística, afinal ela inicia em um ponto e termina em outro e ai vem a dificuldade de transporte.

Independente do sentido que você pretenda fazer a Ruy Braga, você vai precisar de uma ajuda com essa questão de transporte e para dificultar um pouco mais as coisas,  é cobrado estacionamento no PNI e existe um pedágio bem caro no caminho :-/

As opções ai são ir em dois carros, deixar um dos carros em uma das pontas, quando terminar a travessia, voltar, buscar o carro, mas isso tudo da um trabalho danado. Outra opção e a que usamos todas as vezes que fizemos essa travessia, é usar o Hotel Donati, que fica na parte baixa do parque, como “base”. Nós deixamos os carros lá, contratamos uma van para nos levar até a portaria da parte alta e na no final da travessia, ligamos com uma trilha que chega atrás do Hotel.

Relato Travessia Ruy Braga

Eu só fiz a travessia no sentido parte alta x parte baixo, acho que é a mais prazerosa já que o inverso passa um bom tempo subindo, então esse relato aqui segue essa ordem, mas o inverso também não tem erro.

A principal decisão nessa travessia é se fará ela por “baixo” ou se fará ela junto com a travessia couto x prateleiras. Se decidir fazer só ela, a parte inicial do trajeto é a estrada que vai até o abrigo Rebouças (se você quiser consegue inclusive ir de carro até ele para não ter que caminhar na estrada que não tem graça), depois do abrigo, a trilha segue por um caminho bem largo e sem nenhuma dificuldade.

Ruy Braga

Agora, se você pretende fazer a Couto x Prateleiras junto, ao sair da portaria do parque, você vira a direita e não anda pela estrada, já segue em direção ao morro do Couto, o 8º ponto mais alto do Brasil e de lá segue até as Prateleiras, para depois voltar e emendar com a Ruy Braga. Eu, sem sombra de dúvida, recomendaria você fazer dessa forma, a travessia fica bem mais bonita, apesar de mais pesada.

Se estiver vindo por baixo, encontrará a placa indicando a bifurcação, a direita segue para as prateleiras e reta segue a Ruy Baraga, se estiver realizando a Couto x Prateleiras, quando chegar nas prateleiras, você tem que voltar até essa bifurcação e ai a trilha segue uma só agora.

A próxima decisão é em qual abrigo passará a noite (se decidir fazer em dois dias claro). Todas as vezes que fiz, acampei nas ruinas do abrigo Massenas, o primeiro abrigo no caminho. Existe uma lareira dentro do que sobrou do abrigo, é um local maneiro para passar a noite, apesar de ser uma trilha curta até ele e provavelmente você chegará lá bem cedo.

Depois de sair do abrigo Massena, a trilha segue um trecho plana e depois começa uma interminável descida até a cachoeira da Maromba, já na parte baixa do parque, onde a travessia acaba. Geralmente, já no final da descida, chegando na parte baixa, o mato esta alto e devido as nascentes no caminho, a trilha fica com bastante barro, mas isso é um sinal de que esta chegando no fim hehehe

Ruy Braga

Chegando na cachoeira da Maromba, é hora de colocar em pratica o plano de resgate que você bolou, no nosso caso, seguimos a pé até o Hotel Donati onde deixamos nosso carro 🙂

Essa é uma travessia muito bonita e tranquila, para quem esta começando, já tem um pouco de experiência e quer dar um passo extra, fazendo uma travessia com pernoite, é uma ótima indicação.

Vale sempre lembrar, a travessia esta dentro de um parque nacional, respeite as regras, não faça fogueira, leve seu shit tube, não deixe lixo, siga sempre as práticas de mínimo impacto e divirta-se 😉

Tiago
Um paulistano morando aos pés da Serra da Mantiqueira, formado em Administração, Turismo e Data Science, criador do blog Fé no Pé, proprietário da Estratégia Software e da NaMoska 3D, guia de turismo, montanhista, mochileiro e voluntário da Sea Shepherd Brasil

One thought on “Travessia Ruy Braga – Parque Nacional do Itatiaia

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